sábado, 24 de junho de 2006

Eu estou aprendendo bem

Tenho tido pouco tempo para dedicar a este espaço e pouca amabilidade por ele também... isso é bem verdade. Mas é que não é fácil se acostumar com as ocilações de sentimentos que essa page me traz. Quando escrevo elevo meu "nível" de empolgação por poder me expressar e querer muito ser lida, logo, porém, vem a frustraçao de saber que nunca obtenho sequer uma mínima manifestação a respeito daquilo que escrevi.
Mas enfim... decidi continuar escrevendo, sendo lida ou não. E para voltar a ativa publico aqui algo especial que me ensinou coisas maravilhosas. Trata-se de um trabalho mais uma vez produzido para a faculdade e mais uma vez prestigiado por Tânia Motta, my teacher (não consigo entendê-la em nenhuma circunstância). Trata-se de uma modesta entrevista com Mônica Veloso, presidente da Associação Bahiana de Atletas Deficientes.
Se por um acaso alguém ler realmente isto peço encarecidamente que manifeste a sua opinião sobre o assunto tratado na entrevista. Na proxima publicação farei uma explanação melhor a este respeito. Segue então a entrevista.

Destaque no paradesporto nacional Mônica Veloso se mostra, além de uma grande atleta, militante em defesa dos atletas deficientes baianos. Sua história no esporte começou cedo quando teve poliomielite aos 2 anos de idade e iniciou algumas atividades na natação pelos benefícios da fisioterapia. Não parou mais e hoje, com mais de 10 anos de natação, já entrou até para o Guiness Book. Idealizadora e presidente da ABAD, Associação Baiana de Atletas Deficientes, luta para conseguir maior apoio para os paratletas e principalmente para o reconhecimento dos mesmos. Nessa entrevista Mônica fala de suas conquistas, da ABAD e sobre seus planos futuros.

J.L.: Como anda sua vida de esportista, apesar das limitações físicas?
MÔNICA: Muito bem. Estou disputando torneios importantes e alcançando muitas vitórias. A minha limitação física não é problema, pelo contrário, é o que impulsiona minha vida e meus projetos.

J.L.: Depois de se consagrar uma grande nadadora você criou a ABAD. O que te incentivou a isto?
MÔNICA: Desde quando comecei a nadar tinha que competir representando entidades de outro estado e isso não era só comigo, muitos outros paratletas também faziam o mesmo. Então decidi criar uma entidade que incentivasse o paradesporto na Bahia e assistisse os atletas que já existiam. Agora, embora ainda precariamente, hoje o atleta pode recorrer a uma instituição que irá buscar os recursos, as parcerias e apoio para sua pratica esportiva.

J.L.: Quais as maiores dificuldades que você enfrenta como atleta e como presidente da associação?
MÔNICA: A minha posição como atleta hoje é mais estável, mas em relação à associação encontro muitas dificuldades. Como você vê a sede da ABAD tem que funcionar aqui nesta sala da minha casa, pois não temos condições de manter uma sede em outro lugar. Nossos atletas treinam em academias e centros esportivos parceiros nossos e raramente podem ter um acompanhamento profissional de nutricionista, médicos e fisioterapeutas.

J.L.: Então a ABAD não funciona como deveria?
MÔNICA: Não. Temos muitas limitações, financeiramente falando. Por que manter um atleta deficiente custa caro. Um bom exemplo é o fato de precisarmos de um triciclo pra corridas oficiais de paratletismo, mas não temos nenhuma condição de comprá-lo porque custa em torno de 3 mil dólares e não temos patrocínio para isto.

J.L.: Como você vê a dualidade entre a reabilitação física, emocional e social que o esporte proporciona e a falta de reconhecimento do mesmo?
MÔNICA: No Brasil esse tipo de contradição é muito freqüente. As pessoas não têm noção de como o esporte ajuda o deficiente físico no aumento da auto-estima, na independência física e emocional, estimula os estudos e a especialização profissional. O esporte tem a capacidade de mostrar o atleta portador de deficiência como produto, confiável e rentável para as Empresas e como um cidadão comum de grande importância para a sociedade.

J.L.: Você já teve grandes conquistas, inclusive tem uma marca de 106 vitórias em travessias de mar registrada no Guiness Book. O que você pretende alcançar futuramente?
MÔNICA: Como planos para o futuro quero lutar para estar no Parapanamericano, aumentar o número de maratonas aquáticas em percursos fora do Brasil, e reforçar a Equipe Paradesportiva da Bahia para 2006.